Volare Cinco estreia chassi feito dentro de casa

Empresa investiu R$ 250 milhões no desenvolvimento e produção do modelo

FONTE: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/23854/volare-cinco-estreia-chassi-feito-dentro-de-casa

MÁRIO CURCIO | De Vitória (ES)

Cinco recebe este nome pelas 5 toneladas de PBT. Mede 6,7 m e leva até 20 passageiros
A Volare já produz o miniônibus Cinco, um novo modelo que consumiu cerca de R$ 250 milhões entre o projeto e a modernização da fábrica de São Mateus, no Espírito Santo. Meio van, meio micro-ônibus, o Cinco recebe este nome pelo Peso Bruto Total (PBT) de cinco toneladas. Com isso ele se enquadra na categoria M3 e se beneficia da linha Finame.

O novo veículo se destaca pela utilização de chassi próprio em vez de ser montado sobre uma base fornecida por fabricantes de caminhões. “O que orientou essa decisão não foi a economia no custo do chassi, mas a necessidade de uma base específica para o transporte de passageiros”, afirma Francisco Gomes Neto, CEO da Marcopolo, proprietária da Volare.

As vendas do modelo começam em maio. São três versões. A mais em conta é a Escolar, com preço sugerido de R$ 169 mil e capacidade para 20 estudantes. A intermediária, Executiva, custa R$ 195 mil e leva 16 passageiros. A Executiva Plus sai por R$ 208 mil e transporta 13. “As primeiras 200 unidades terão bônus de R$ 8 mil”, afirma o diretor comercial, Mateus Ritzel. A Volare acredita na maior demanda da versão executiva, mas não arrisca projeções: “É impossível um prognóstico neste momento”, diz Gomes Neto.

Por causa da retração de mercado, que reduziu as vendas da Volare em 58% em 2015 e fez baixar sua produção no primeiro trimestre deste ano em 25%, a fábrica de São Mateus está operando em um turno apenas, com capacidade para dez unidades por dia. Com dois turnos passaria a 20 veículos/dia, mas ainda não se sabe quando isso ocorrerá. A fábrica comporta ampliação para 40 unidades diárias, o que demandaria algum investimento, cerca 10% do total já aportado no novo projeto.

Neste momento São Mateus se dedica somente à montagem do Cinco. Até março deste ano, parte da linha Fly era produzida ali, mas hoje está concentrada na unidade de Caxias do Sul (RS). A rede Volare também perdeu quatro ou cinco revendas e tem atualmente 56 concessionárias.

O PROJETO

O novo miniônibus tem rodado duplo, 6,7 metros de comprimento e pesa 3,5 mil quilos. As dimensões internas (1,93 metro de altura e 1,91 m de largura) e o bom corredor garantem a facilidade de movimentação dos passageiros. A altura externa é de 2,74 m. O acesso ao interior é feito por uma grande porta pantográfica nas três versões, acionada com controle remoto na chave.

O motor é o Cummins ISF 2.8, com 140 cavalos. A transmissão é manual de cinco marchas, fornecida pela Eaton. Os eixos dianteiro e traseiro são Dana. A Maxion fornece o quadro do chassi e também as rodas.

MERCADO EXTERNO

No segundo semestre começam as exportações. “Em julho faremos o lançamento para o Chile”, afirma Ritzel. Assim com os clientes brasileiros, os chilenos receberão modelos equipados com motor Euro 5. Embora a Argentina já adote esse padrão desde o começo do ano, as negociações com o país vizinho não estão definidas. Em 2017 o Cinco passa a ser enviado a mercados que utilizam motores Euro 3 e também àqueles que adotam mão inglesa, com o volante à direita. A Volare está presente em 25 países.

Volare
Cinco tem boa posição de dirigir e alavanca de câmbio no painel, que facilita a movimentação do motorista. Versão Executiva Plus traz central multimídia. Na sequência de interiores, da esquerda para a direita, estão as versões Escolar (para 20 passageiros), Executiva (para 16) e Executiva Plus (para 13). Fotos: Mário Curcio e divulgação

A carroceria do novo modelo mistura diferentes materiais. Utiliza aço estampado na tampa do porta-malas, alumínio nas laterais e plástico na dianteira e parte da traseira. Esse material é produzido pelo processo Sheet Mouldind Compound (SMC), que faz a pré-conformação a quente da resina, das fibras de reforço e outros componentes empregados. O método é o mesmo adotado na produção dos novos jipes Troller T4 e resulta em peças mais leves e bem-acabadas que as de fibra de vidro convencionais.

CONFORTO E DIRIGIBILIDADE

O Cinco tem motor dianteiro e tração traseira. O ruído interno em uso urbano é aceitável. As poltronas das versões Executiva e Executiva Plus são reclináveis. Proporcionam conforto adequado, a não ser que o passageiro seja muito grande ou esteja fora de forma.

A Plus tem retrovisores elétricos, cortinas, porta-pacotes com iluminação, central multimídia, monitor rebatível, piloto automático, faróis de neblina, cintos retráteis e braços nas poltronas.

A Executiva recebe som com CD/MP3 Player. A Escolar também tem rádio com CD/MP3 Player, câmera de ré e sai de fábrica com a identificação lateral em preto e amarelo.

O Cinco é agradável de dirigir. Automotive Business avaliou uma unidade Executiva Plus pela região central de Vitória (ES) e aprovou o desempenho carregando 13 passageiros. A posição de dirigir e dos comandos foi bem trabalhada pela Volare.

Faltou a oportunidade de dirigir em rodovias para conhecer o desempenho em subidas e também a capacidade de frenagem nas descidas. Segundo a Volare, a velocidade máxima é de 130 km/h, mas pela legislação ele não pode passar de 90 km/h.

CONCORRÊNCIA E FUTURAS OPÇÕES

O Cinco vai concorrer com especialmente com Fiat Ducato, Iveco Daily, Mercedes-Benz Sprinter e Renault Master. Segundo a Volare, na análise do TCO, sigla em inglês para o Custo Total de Propriedade, ele leva vantagem sobre alguns concorrentes sobretudo pelo menor desembolso com manutenção.

A Volare já estuda uma opção automatizada do novo modelo. Outra possibilidade seria uma versão furgão (para carga). “Não existem estudos nesse sentido, mas ele tem vocação”, afirma Ritzel. O diretor de engenharia e design, Roberto Poloni, admite a viabilidade de uma versão 4×4, como aquelas que cumprem o programa Caminho da Escola em zonas rurais.

Em fevereiro, quando a Volare mostrou parte do projeto, o investimento informado foi de R$ 180 milhões, dos quais cerca de R$ 100 milhões teriam sido destinados à fábrica. Segundo Gomes Neto, os gastos reais chegaram aos R$ 250 milhões tanto pela fábrica como pelo desenvolvimento do veículo.

Leave a Reply

Your email address will not be published.Required fields are marked *