Após queda dos negócios em 2016, empresas vislumbram leve retomada

Após verificar queda de 25% no faturamento de 2016, que passou de R$ 16,2 bilhões para R$ 12,1 bilhões devido à menor demanda do mercado, as locadoras de veículos vislumbram melhores condições para os negócios em 2017. “Já entramos em processo de recuperação do mercado”, declarou Paulo Nemer, presidente da Abla, associação das locadoras de veículos no Brasil, ao apresentar os resultados do setor na quarta-feira, 29, na sede da entidade em São Paulo.

Segundo Nemer, grandes clientes deixaram de contratar os serviços de locação de veículos em 2016, principalmente empresas de grande porte e até mesmo o governo, envolvidos com a crise econômica e política. “O governo é um dos grandes clientes do setor de aluguel de carros; estava tudo suspenso até o ano passado e agora voltaram a licitar”, revela.

O presidente da Abla aposta em uma leve retomada em 2017, mas sem arriscar qualquer número ou projeção. Para ele, alguns fatores podem contribuir com a melhora do cenário para o mercado de locação, que é o maior cliente para a indústria automotiva no Brasil. Ele conta que alguns custos têm diminuído para as locadoras, como o preço do seguro, por exemplo, uma vez que os consumidores estão mais prudentes na condução. “Este custo já representou 12% do valor do carro em anos anteriores e hoje está em 3%”, afirma. “As locadoras também têm um poder de capitalização flexível: somos o maior fornecedor de seminovos do mercado”, lembra. Outras ações promovidas pela própria Abla podem intensificar os negócios, como a mediação de encontros com as montadoras a fim de oferecer condições diferenciadas para compra de veículos novos.

“Assim como foi para todos, 2016 foi um ano muito difícil, nosso faturamento diminuiu, mas eu diria que nosso negócio foi um dos menos impactados pela crise. Houve poucos fechamentos de empresas e nossa flexibilidade ajudou a equilibrar as contas muito mais rápido”.

OS NÚMEROS DA LOCAÇÃO

Os dados da Abla, desta vez consolidados em parceria com a Serpro, apontam que a procura pelo serviço de aluguel de veículos leves diminuiu 13% em 2016 com relação ao ano anterior, considerando o número de usuários, que passou de 26,8 milhões para 23,2 milhões.

A demanda diminuiu em todos os principais segmentos de atuação do setor, desde terceirização de frota até turismo de lazer e de negócios, o que resultou em um volume menor de compra de veículos pelas locadoras. O total de emplacamentos feitos em 2016 exclusivamente para locação fechou em 217,8 mil unidades, 35% abaixo do apurado em 2015. Isto reduziu de 13,6% para 10,9% a participação das locadoras nas vendas totais de veículos leves em 2016.

A partir deste balanço, a Abla passou a contabilizar em separado sua participação nos emplacamentos de veículos comerciais pesados, que fechou 2016 em 16,1%, para pouco mais de 9,9 mil unidades, entre caminhões e ônibus, de um total de 61,7 mil unidades licenciadas no ano passado. Já no de motocicletas, as vendas dedicadas à locação não chega a 0,3% do total dos licenciamentos deste segmento.

A frota disponíveis para aluguel fechou em 660,2 mil unidades em 2016, volume 22,6% menor que o do ano anterior. De acordo com o presidente da Abla, devido à contração do mercado, houve um leve aumento na idade média da frota, que passou de 19,5 meses para 20,7 meses em um ano. “A tendência para este ano é uma redução neste indicador”, comenta.

Nemer explica que pode haver variações nas comparações dos dados com o 2015 devido à nova metodologia de compilação adotada em 2016, agora feita junto à Serpro. “Tínhamos um banco de dados muito pulverizado, buscando fontes em separado, como Detran, Denatran entre outros, com alguns órgãos flexibilizando as informações. Agora concentramos 100% das informações em uma única fonte, que a partir deste ano traz uma fotografia mais real do setor”, afirma.

PARTICIPAÇÃO DAS MONTADORAS

Dos 217,8 mil veículos leves emplacados para as locadoras em 2016, a FCA/Fiat Chrysler foi responsável por 19,9%, um aumento de 3,5 pontos porcentuais sobre o ano anterior. A General Motors, com 16,8% de participação, saiu da 5ª posição em 2015, com 6,9%, para o segundo lugar dentro do setor. A Renault também aumentou sua fatia, de 11,9% para 16,1%.

Entre os caminhões e ônibus, com 9,9 mil veículos, a Mercedes-Benz e a MAN/VWCO foram as montadoras que mais venderam para as locadoras no período, com 25,8% e 19,3% de participação, respectivamente.

Veja abaixo entrevista exclusiva de Paulo Nemer, presidente da Abla, à ABTV:

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