Empresas que possuem veículos leves estão adotando compartilhamento da frota, e as redes que alugam automóveis querem participar desse movimento
O aumento do compartilhamento dentro das frotas corporativas é um caminho sem volta, sobretudo entre médias e grandes empresas que já pretendem aumentar os números nos próximos três anos. Com isso, locadoras de veículos leves ganham um novo papel de gerenciamento e investem em tecnologia para a área.
De acordo com o Observatório de Veículos de Empresas (OVE) do Instituto da Qualidade, realizada com 300 respondentes, cerca de 40,9% das empresas (com frota própria e terceirizada) pretendem aumentar a quantidade de veículos compartilhados (à disposição de mais de um funcionário) em suas gestões até 2020. Entre as companhias maiores (com frotas de 101 a 300 veículos), o resultado foi ainda maior, chegando a 51,8% das respostas.
Para o vice-presidente e diretor comercial da Arval Brasil, Andrea Falcone, apesar de existir já há alguns anos, o modelo de compartilhamento deve ter um crescimento acelerado devido à crise econômica e à necessidade de redução de custo das empresas. “Em vez de você três carros, oferece um com rotatividade plena para um número de funcionários”, exemplifica. Segundo ele, hoje, a frota com potencial de compartilhamento chega a 16 mil no Brasil, entre empresas e pessoa física (similar a serviços como o Airbnb da hotelaria).
Para o executivo, as companhias mais interessadas na modalidade de locação são as empresas de médio e grande porte. “Isso porque a proporção das áreas operacionais [que usam o carro no core bussiness da empresa], que é a que mais demanda frota terceirizada, é maior”, destaca. Além disso, ele explica que muitas empresas que deixaram de ofertar veículos a seus executivos de alto escalão poderão voltar a ter o contrato. “Com o compartilhamento, quem tirou o benefício por conta de custo pode voltar a oferecer de forma indireta.”
Acompanhando este aquecimento, ele conta que uma tendência muito forte entre as locadoras de veículos é o investimento em plataformas que ajudem no gerenciamento das frotas compartilhadas, como uma forma de atender essa necessidade de produtividade dos clientes. “No nosso mercado quanto mais rápido você adota uma tendência maior a possibilidade de cativar negócios. Por isso, muitas locadoras do mercado, assim como a Arval, já estão desenvolvendo soluções para operacionalizar em 2018”, diz.
Na Arval, empresa de terceirização de frotas de veículos leves subsidiária do Grupo BNP Paribas, o executivo conta que existe a possibilidade de importar a tecnologia da filial italiana da companhia, mas ainda é algo a ser estudado. “É importante que a plataforma atenda as necessidades do cliente seja de rastreamento ou qualquer outra necessidade. Por isso precisamos ver se a solução italiana está formatada só para o mercado europeu ou serve para o Brasil.”
Essa personalização do sistema usado para gerenciar a frota é um dos principais cuidados que as locadoras deverão ter na hora de oferecer a solução. “Com a tendência, muitas plataformas deverão surgir e é muito importante que as empresas escolham a certa”, comenta.
Se por um lado o gerenciamento da frota deve atender a necessidade de diminuir os custos das empresas, por outro, o executivo aponta que as informações geradas pelo monitoramento e rastreamento do veículo emitirão maior previsibilidade de custo para as locadoras. “Vou coletar dados de velocidade, comportamento de uso, multas, sinistralidade e vou antecipar de uma maneira proativa a necessidade da frota vai exigir, seja uma troca de óleo ou de pneu”, diz. Mesmo sem cálculo de como o novo serviço pode aumentar o tíquete médio, ele diz que é possível afirmar que em longo prazo conseguirá um maior nível de fidelização.
Fonte: DCI