Vendas devem ficar em 2 milhões de veículos em 2016

Vendas devem ficar em 2 milhões de veículos em 2016

Com resultados fracos até maio, Anfavea revisa as projeções para a indústria

FONTE: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/24061/vendas-devem-ficar-em-2-milhoes-de-veiculos-em-2016

GIOVANNA RIATO, AB

Antonio Megale, presidente da Anfavea (foto: Mário Curcio)
Demorou, mas a Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, não escapou de revisar as projeções para 2016. A entidade reduziu a expectativa de vendas para 2,08 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. O palpite anterior era de que o mercado interno alcançaria 2,44 milhões de unidades. “Aguardamos o cenário ficar mais estável para rever as expectativas, com mais previsibilidade política e econômica”, destaca Antonio Megale, presidente da Anfavea desde abril.

-Veja aqui os dados da Anfavea

O executivo acredita que a mudança de governo por si só já deve trazer melhora na confiança do consumidor. “Precisamos agora buscar estabilidade, com regras claras que garantam visão de pelo menos um ano. Assim as empresas podem programar seus investimentos”, diz, destacando a necessidade de detalhar mudanças nas condições de crédito e na legislação para a indústria.

A Anfavea se prepara para apresentar os números e a situação do setor automotivo para o governo interino. “Teremos reuniões nas próximas semanas para mostrar o cenário de forma aprofundada”, conta. Entrará na pauta da conversa a continuidade do Inovar-Auto, que termina em 2017. O presidente da Anfavea diz que a entidade prioriza três pilares no programa: incentivo à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, metas de eficiência energética e reforço à cadeia produtiva. “Com a crise, os fornecedores ficaram ainda mais fragilizados”, avalia.

JANEIRO A MAIO TEM PIOR RESULTADO EM 10 ANOS

O patamar de vendas precisará melhorar nos próximos meses para que a expectativa da associação se cumpra. Nos primeiros cinco meses de 2016 a entidade aponta que a média diária de vendas variou entre 7 e 8 mil emplacamentos/dia. A previsão é de que este número suba para 8,5 mil veículos/dia até o fim do ano.

De janeiro a maio foram vendidos no Brasil 811,7 mil veículos, com retração de 26,6% na comparação com o mesmo intervalo de 2015. O volume é o pior para o período desde 2006. O mercado de leves caiu 26,4%. Já a demanda por veículos comerciais encolheu mais, com baixa de 31,2% nas vendas de caminhões e de 42,8% nos negócios de ônibus, para 21,3 mil e 4,7 mil unidades, respectivamente.

Apesar da redução, a queda vem diminuindo, com sutil melhora no patamar do mercado na comparação com os meses anteriores. Os dados isolados de maio mostram que foram negociados 167,4 mil veículos no mês, resultado 2,8% melhor do que o de abril, mas 21,3% abaixo do registrado há um ano.

NOVAS PROJEÇÕES PARA PRODUÇÃO E EXPORTAÇÕES

As perspectivas para produção e exportação de veículos também foram revistas pela Anfavea. No início do ano a entidade anunciou que esperava crescimento de 0,5% na fabricação de leves e pesados, para 2,44 milhões de unidades. A projeção agora é de que a produção chegue a apenas 2,29 milhões de unidades, com queda de 5,5% sobre 2015.

A redução só não é maior porque a associação acredita que as exportações puxarão as vendas. Os negócios internacionais devem chegar a 507 mil veículos, com aumento de 21,5% sobre o resultado de 2015.

Anfavea insiste em culpar só imposto por preço alto no Brasil

Anfavea insiste em culpar só imposto por preço alto no Brasil

Entidade destaca carga tributária, mas não abre caixa preta dos preços

FONTE:http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/23398/anfavea-insiste-em-culpar-so-imposto-por-preco-alto-no-brasil

GIOVANNA RIATO, AB

A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, enfim apresentou o estudo do preço do carro vendido no Brasil, prometido desde que Luiz Moan tomou posse como presidente da entidade, em 2013. Os dados reunidos, no entanto, tratam mais da carga tributária do que efetivamente do quanto um consumidor precisa desembolsar para comprar um automóvel. “O brasileiro paga dois carros e leva um”, simplifica o dirigente.

Segundo destaca Moan, um automóvel com motor entre 1.0 e 2.0 tem carga tributária de 54,8% no País, considerando o total de impostos aplicados sobre o preço de custo do veículo e os tributos embutidos na cadeia produtiva e não-recuperáveis. Com isso, o Brasil tem encargos mais pesados do que países como a Rússia, onde os impostos chegam a 22%, e os Estados Unidos, onde o porcentual é de 7,5%. Para carros com motorização até 1.0 a carga é de 48,2%. Segundo a Anfavea, isso quer dizer que vão para os cofres públicos 27,1% do preço de venda de um veículo da categoria.

Traduzindo em moeda, Moan aponta o exemplo do Fiat Palio Fire, automóvel mais barato à venda no Brasil, com preço de tabela de R$ 28,3 mil para a versão duas portas 1.0. Convertido em dólar, na cotação de janeiro deste ano, o montante daria US$ 7,3 mil. Caso fosse descontada toda a carga tributária apontada pela Anfavea, este preço cairia para US$ 4,9 mil, valor baixo se comparado com os preços internacionais. Pode até ser, mas o Palio Fire e seu baixo nível de conteúdo só existe no Brasil e países vizinhos, portanto não há como compará-lo com um carro global. Além disso, o real desvalorizado deixa qualquer veículo bem barato em dólares.

Moan insiste que, mesmo com tantos encargos, o preço do carro brasileiro evolui em ritmo menor do que a inflação. O IPCA, considerando toda a economia, aumentou 187,3% de 2004 a 2015, ao passo que a evolução dos valores dos veículos neste mesmo período foi de 123,4%. “Em 1995 um Volkswagen Gol custava o equivalente a US$ 9 mil, o que correspondia a 107 salários mínimos. Em 2015 este valor era de US$ 8,2 mil, algo em torno de 40 salários mínimos”, indica. Claro, o salário mínimo subiu acima da inflação e o real perdeu mais de 50% de seu valor diante do dólar só no último ano, o que distorce completamente essa comparação.

MAS E O PREÇO DO CARRO?

Os dados expostos pela Anfavea mostram que o plano de abrir a caixa preta do preço do carro no Brasil ficou só na promessa. No lugar de um estudo do valor cobrado por automóveis no País, a entidade mostrou levantamento sobre a carga tributária. Há quase três anos a Anfavea declarou estar trabalhando no material. Ainda assim, os dados foram divulgados oportunamente quando o dólar está valorizado, o que dá a falsa impressão de que os preços praticados no Brasil estão abaixo do mercado global.

A comparação mais justa deveria ser feita pela paridade de poder de compra ao mostrar, por exemplo, quantos salários médios são necessários para comprar determinado carro no mercado nacional e em outros países. Neste caso, o modelo analisado teria de ter o mesmo nível de equipamentos nos dois países, incluindo sistemas como controle eletrônico de estabilidade (ESC), que é obrigatório na Europa, mas localmente ainda tem participação tímida nas vendas.