Peugeot renova 208, mas mantém patamar de preços

Peugeot renova 208, mas mantém patamar de preços

Com motor 1.2, carro parte de R$ 48.190 e recebe título de mais econômico do Brasil

FONTE: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/23736/peugeot-renova-208-mas-mantem-patamar-de-precos

GIOVANNA RIATO, AB | De Fortaleza (CE)

Como parte do esforço para dar a volta por cima no mercado brasileiro, a Peugeot atualiza o 208. Apresentado pela montadora como hot hatch, o carro teve mudanças estéticas, ganhou novos equipamentos, mas a principal novidade é mesmo o motor PureTech 1.2 flex de três cilindros, que equipa algumas versões e leva a sério a tendência de downsizing, que prioriza potência e baixo consumo de combustível. Neste quesito o carro passa com louvor: a configuração garantiu ao modelo o título de automóvel mais econômico do Brasil na etiquetagem veicular do Inmetro (leia aqui).

A atualização foi apenas do veículo. Os preços começam exatamente no mesmo patamar, de R$ 48.190 na versão mais simples, a Active com câmbio manual e o novo motor 1.2 em substituição ao 1.5, que deixa de equipar a família 208 e, até que seja completamente substituído, permanece em outros carros da gama da PSA Peugeot Citroën. Serão oferecidas sete configurações do carro, com preços que chegam a R$ 78.990 na GT com motor 1.6 THP de 173 cv, que promete aceleração de zero a 100 km/h em 7,6 segundos. As versões intermediárias Active Pack, Allure com câmbio manual e Griffe, com transmissão automática, também permanecem com preços inalterados.

Desde a configuração mais simples, o 208 segue a estratégia da empresa de oferecer sempre bom nível de equipamentos. No caso, o modelo já vem de fábrica com itens como ar-condicionado, lanternas de LED, direção elétrica, volante com regulagem de altura e profundidade, além de vidros, travas e retrovisores elétricos. “Temos coerência no nosso posicionamento de marca. Nossos clientes esperam design e conforto”, destaca Ana Theresa Borsari, diretora geral da Peugeot no Brasil.

O visual do modelo está alinhado com o do vendido na Europa, com algumas adaptações para o mercado local. Internamente o carro recebeu o i-Cockpit, que traz o painel de instrumentos em posição elevada para que o condutor não desvie o olhar da pista, além de nova central multimídia. Os materiais de acabamento e tecidos dos bancos também foram renovados.

Segundo a Peugeot, o 208 é a opção mais em conta se for considerado o mesmo nível de equipamentos em concorrentes como o Ford New Fiesta, Hyundai HB20, Fiat Punto e Chevrolet Onix. O motor 1.2 que equipa o carro agora tem 90 cv de potência, três a menos do que o propulsor 1.5 oferecido na geração anterior. “Esta diferença é amplamente compensada pela economia de combustível que o cliente vai ter”, assegura Sergio Davico, gerente de produto da companhia. Nos testes do Inmetro, quando abastecido com gasolina, o modelo fez 15,1 quilômetros por litro em ciclo urbano e 16,9 km/l em estradas.

O motor 1.6 é oferecido a partir da versão Allure com câmbio automático de quatro marchas e preço sugerido de R$ 59.090. A opção mais completa, 208 GT, não existe na Europa e foi desenvolvida para o mercado brasileiro. Além da esportividade do motor, o carro traz itens como rodas de liga leve de 17 polegadas, aerofólio e controle de estabilidade.


Peugeot 208 versões Griffe (branco) e GT (vermelho)

MOTOR É PEÇA-CHAVE PARA O INOVAR-AUTO

Ana Theresa enfatiza que o objetivo da marca é ficar distante da imagem de carro popular. Para ela, o motor com menor cilindrada não afeta este plano. “A Peugeot deixou de oferecer motor 1.0 há mais de 15 anos, mas faz tempo que este tipo de propulsor não é mais sinônimo de carro popular. Conseguimos ótima performance com o propulsor 1.2 no 208”, garante.

O motor é uma aposta alta da empresa. Totalmente importado da França no atual patamar elevado do dólar, o propulsor pode tornar mais difícil para a marca manter a margem das vendas do 208. A decisão de trazer a novidade mesmo assim pode ter foco em melhorar a rentabilidade no futuro, garantindo boa performance de eficiência energética no Inovar-Auto. “O novo motor é peça-chave para que a gente alcance as metas do Inovar-Auto”, diz Carlos Gomes, o presidente do grupo na América Latina. A conferência dos resultados do programa acontece ainda neste ano e importar o propulsor pode ser a oportunidade que a PSA Peugeot Citroën encontrou para garantir performance melhor e, eventualmente, conquistar desconto adicional no IPI.

“Temos a produção local nos planos, mas só se o volume chegar perto de 100 mil unidades por ano e quando tivermos previsibilidade melhor do mercado brasileiro”, aponta Gomes. Ele admite que o propulsor será usado em outros modelos, o principal candidato a receber a motorização é o Citroën C3, mas por enquanto só no Brasil. “Na Argentina não tem Inovar-Auto, então não vamos levar o motor para lá.”


Peugeot 208: novo motor 1.2 flex de 3 cilindros e detalhe dos novos bancos e painel

PRODUTO ADEQUADO E ESTRUTURA PRONTA

Com as novidades, a Peugeot espera significativo aumento das vendas do 208. A previsão é de que o patamar atual de 750 a 800 unidades por mês suba para mil carros/mês. “Já temos bom resultado com o novo 2008, que supera a nossa previsão com nível de mil emplacamentos mensais”, compara Ana Theresa. Do volume esperado, 60% a 65% deve ser das versões equipadas com motor 1.2, 25% da configuração Griffe com motor 1.6 e 20% das outras opções com câmbio automático e da topo de linha GT.

A Peugeot não aposta apenas na oferta do novo produto para concretizar estes resultados. O lançamento do 208 é apoiado em ofensiva no pós-venda. O carro tem garantia de três anos e revisões a preço fixo. A empresa oferece ainda plano de fidelização dos clientes que já estão na marca. Eles terão acesso a condições especiais de financiamento, com juros subsidiados pela empresa, além de um bônus de R$ 3 mil, que pode ser usado como o cliente preferir, em desconto no valor do carro, serviços ou acessórios na concessionária. “Com isso, uma pessoa pode trocar seu 208 e sair de carro novo pagando a mesma parcela que pagava no modelo antigo”, diz Davico.

A reestruturação da rede de concessionárias, que acontece desde 2014, também deve impulsionar os negócios. A Peugeot inaugurou mais de 20 lojas nos últimos quatro meses e encerrou março com 103 revendas no Brasil, número que saltará para 126 casas até o fim do ano. “Não é só crescer em número, mas melhorar a oferta para o cliente, estar em regiões importantes. Começamos a nos readequar antes mesmo da crise e hoje estamos do tamanho exato para o mercado, com um modelo de negócio rentável para o nosso concessionário”, garante Ana Theresa.

Segundo ela, a linha de veículos oferecida pela marca no Brasil nunca foi tão atual quanto agora, o que soma mais um ponto a favor. Nas casas da marca a meta é conquistar o cliente ao volante, oferecendo test-drive para que ele sinta os atributos dos carros. “Aumentamos em quatro vezes a nossa frota para testes na rede”, conta a executiva.

A ofensiva na área comercial compõe o plano Acelera Peugeot, que envolve toda a rede de distribuição para melhorar a performance da marca. O esforço já rende resultados. Ana Theresa destaca que a empresa encerrou 2015 com 1,10% de participação no mercado brasileiro. O porcentual cresce gradativamente e alcançou 1,44% em março, segundo a executiva.

Ao enfatizar esta evolução, a marca deixa para trás o discurso de que estava em busca de lucratividade e não de market share e mostra disposição em recuperar ao menos parte da representatividade perdida no Brasil. Com isso, a nova estratégia da empresa indica que as duas coisas caminham juntas e que a Peugeot não está disposta a abrir mão de nenhuma delas.

PSA inicia produção do novo Citroën Aircross

Fábrica investe R$ 150 milhões para fazer o modelo em Porto Real

PEDRO KUTNEY, AB | De Porto Real (RJ)

O novo Aircross no fim da linha de montagem de Porto Real
O novo Citroën Aircross, que chega às concessionárias da marca francesa em dezembro, começou a ser produzido comercialmente na quarta-feira, 11, na fábrica brasileira do grupo PSA Peugeot Citroën em Porto Real (RJ). Segundo o fabricante, foram investidos R$ 150 milhões na renovação do carro, que é o último dos produtos incluídos no atual ciclo de investimentos anunciado pela empresa para o período 2012-2015 na ampliação e modernização da unidade industrial, além do desenvolvimento de novos modelos.

Fabricado desde 2010 na planta do sul-fluminense, onde já foram feitas mais de 50 mil unidades, o Aircross foi desenvolvido pela engenharia da PSA especificamente para os mercados latino-americanos. E segue sendo um produto regional, exportado em maior número só para a Argentina. Ele é uma derivação da minivan C3 Picasso, mas com pegada de SUV compacto. Com a chega do novo Aircross, o C3 Picasso sai de linha, pois será substituído por versões sem o estepe fixado na tampa traseira.

O Aircross 2016 recebeu importantes modificações de design, principalmente no painel interno, materiais da cabine e na dianteira, agora mais conectada com o estilo global de outros carros da marca, mas não teve alteração da plataforma mecânica – que segue sendo a mesma sobre a qual são montados todos os carros produzidos em Porto Real (os Peugeot e 208 e 2008 e os Citroën C3 e o próprio Aircross). Opções de motorização e câmbio não mudam. O carro ganhou melhorias em uma renovação de meia-vida, para aguentar mais algum tempo enquanto não chegam ao Mercosul as novas plataformas desenvolvidas pela PSA, previstas para desembarcar nas fábricas do grupo no Mercosul só a partir de 2017.

Todo o trabalho de renovação do Aircross foi feito no Brasil por uma equipe multinacional de brasileiros, argentinos e franceses instalados no Latin America Tech Center, o centro de pesquisa, desenvolvimento e design da PSA Peugeot Citroën na região. Segundo a empresa, as cerca de 200 pessoas envolvidas dedicaram 16 mil horas ao projeto. Foram desenvolvidas mais de 190 novas peças em conjunto com 42 fornecedores. O carro tem índice de reciclabilidade de aproximadamente 95% e agrega 27 kg de materiais verdes, como carpetes feitos de PET reciclado e revestimentos feitos com fibras naturais.

O Aircross chega à linha de produção que vem passando por uma série de modernizações, mais fortemente no último ano, com enxugamento de estoques e revisão de processos para aumentar produtividade e qualidade. Entre as melhorias foram adotadas barreiras de qualidade em alguns pontos-chave da linha, com o objetivo de não deixar passar adiante nenhum problema de fabricação. Com o aperfeiçoamento, a planta de Porto Real subiu da oitava para a quinta posição no ranking de qualidade das 18 fábricas de veículos do grupo PSA no mundo.