Brasil pode voltar ao jogo em quatro anos

Brasil pode voltar ao jogo em quatro anos

Definição política tende a calibrar o mercado e trazer previsibilidade

FONTE: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/23686/brasil-pode-voltar-ao-jogo-em-quatro-anos

ANA PAULA MACHADO, PARA AB

Octávio de Barros, economista-chefe e diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos do Brasdeco (Foto: Ruy Hizatugu)
O economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, fez previsões bem realistas da economia brasileira durante o VII Fórum da Indústria Automobilística, realizado por Automotive Business no Golden Hall do WTC na segunda-feira, 28. Segundo ele, diante de uma definição política, com a saída ou não da presidente Dilma Housseff, o País poderá apresentar um nível de produtividade equivalente ao de março de 2014 – considerado o pico do mercado dos últimos anos – em até quatro anos.

“Uma eventual mudança política deve calibrar o mercado. A volta da previsibilidade é fundamental para a melhora do cenário econômico”, diz Barros.

Com a volta da previsibilidade, conforme o economista, haverá mais disposição para aprovar as reformas necessárias à retomada do crescimento. Uma delas, a da previdência, poderá aliviar o rombo nas contas do governo nos próximos anos.

“Nunca estivemos tão próximos das reformas como agora. Sem crise não se avança. A população ativa no Brasil cresce 0,5% ao ano e a inativa, mais de 4%. Isso precisa ser revisto”, ressalta.

Com as condições de temperatura e pressão resolvidas para este ano, o economista prevê desaceleração do PIB de 2,5%, com câmbio fechando em R$ 3,65, além da inflação um pouco acima da meta, com 6,5%. A taxa básica de juros (Selic) deverá cair quatro vezes ao longo deste ano e em 2017 terá mais duas quedas, resultando em nível abaixo de 10% ao ano.

“Poderemos entrar num curso de recuperação moderada e normal. Tudo depende da resolução da crise política”, conclui Barros.

Montadoras reduzem volume de compras

Montadoras reduzem volume de compras

Total deve cair 4,4% neste ano; dólar alto deve impulsionar nacionalização

FONTE: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/23685/montadoras-reduzem-volume-de-compras

ALEXANDRE AKASHI, PARA AB

A partir da esq.: Custódio (Roland Berger), Berbetz (Mercedes-Benz), Roxana (Ford), Picolo (VW) e Vischi (PSA). Foto: Ruy Hizatugu

Pelo segundo ano consecutivo, as montadoras comprarão menos. Segundo levantamento feito por Automotive Business, a estimativa de compras produtivas em 2016 é de R$ 76 bilhões, ante os R$ 79,5 bilhões computados em 2015, que por sua vez foi 16,3% menor do que o ano anterior, quando o volume somou R$ 90 bilhões. Os números foram apresentados durante o VII Fórum da Indústria Automobilística realizado na segunda-feira, 28, no Golden Hall do WTC, no painel que debateu a Evolução nas Compras das Montadoras.

Participaram os executivos Antonio Carlos Vischi, diretor de compras América Latina da PSA Peugeot Citroën, Edvaldo Picolo, gerente executivo de compras da Volkswagen do Brasil, Erodes Berbetz, diretor de compras da Mercedes-Benz do Brasil, Roxana Molina, diretora de compras da Ford América do Sul, e Rodrigo Custódio, diretor da consultoria Roland Berger.

A redução no volume financeiro nas compras das montadoras é uma certeza, uma vez que o mercado opera em recessão e constantes quedas nas vendas de veículos zero-quilômetro e o índice de 4,4% levantado por Automotive Business está coerente, de acordo com informações dos executivos de compras participantes do painel de debate. Vischi, da PSA, informou que deve gastar € 700 milhões este ano. Porém, mais importante do que isso, a montadora mira aumento na localização de componentes. “Hoje temos 65% de conteúdo local, mas para 2018 queremos 85%”, afirmou. Já Picolo, da Volkswagen, informou que o volume de compras deste ano deve ser entre R$ 9,5 bilhões a R$ 10 bilhões.

AJUDA

Menor volume de compras significa redução de atividade nos fornecedores. Pesquisa interativa realizada durante o painel de debate revelou que a maioria dos fornecedores da cadeia de suprimentos passa por dificuldades (40,7% em situação crítica e 52,7% em dificuldades, mas administrável). Assim, é fundamental oferecer suporte.

Por conta disso, já é comum entre as montadoras oferecer programas de capacitação aos fornecedores tiers 2 e 3. Na PSA, Vischi explica que há possibilidade de antecipações de pagamentos, “sobretudo na forma de experiência para ajudar a conseguir trabalhar melhor as questões financeira, produtiva e logística”, comenta.

Na Ford, Roxana informa que também são desenvolvidos programas com os fornecedores: “Buscamos com eles formas de aumentar a produtividade e trabalhamos também com instituições financeiras para ajudar em questões de crédito”, diz.

Apesar de todas as montadoras representadas no painel contarem com programas similares de ajuda aos fornecedores, quase 70% do público responderam em pesquisa interativa durante o debate que desconhece qualquer tipo de ação. “Programas existem, mas os problemas vão muito além de melhorias que as montadoras podem oferecer”, afirmou Custódio, da Roland Berger, ao comentar que os fornecedores precisam de volume e reajuste. “A cadeia não está competitiva nem flexível porque ninguém imaginou queda deste tamanho”, disse.

LOCALIZAÇÃO

O desenvolvimento de fornecedores locais também é um desafio para os compradores das montadoras, que são categóricos em afirmar que o câmbio é mandatório na decisão entre importar ou buscar localmente. E nem mesmo o programa Inovar-Auto foi muito útil nessa tomada de decisão, com exceção da Mercedes-Benz Caminhões. “O Inovar-Auto auxiliou a trazer tecnologias que estavam difíceis de incorporar aqui, mas hoje quem manda é o câmbio”, afirma Berbetz.

O público também opinou sobre a importância do Inovar-Auto na decisão de compra de componentes nacionais. Para 45,2%, o programa não fez aumentar o volume de compras; já para 35,7%, reduziu, enquanto apenas 20,1% acreditam que o volume aumentou. No ano passado, o resultado negativo (redução de volume de compras) para a mesma pergunta foi de apenas 19%. Naquela época, o dólar ainda não havia disparado.

“A estratégia de aumento do volume local fazia sentido quando a expectativa era de 5 milhões veículos produzidos, com 2 milhões, não”, comentou Custódio, da Roland Berger. Para ele, isso reduziu a capacidade de o fornecedor ser competitivo e uma das saídas é a exportação.

DECISÃO DE COMPRA

Fornecer para montadoras é tarefa árdua, assim como decidir de quem comprar. Questionados sobre quais fatores são decisivos na determinação da escolha do fornecedor, os executivos foram unânimes na questão da qualidade, saúde financeira, preço e capacidade de inovação.