JAC T5 surge na opção top, de R$ 68.990

JAC T5 surge na opção top, de R$ 68.990

Carro será montado no Brasil e torna-se principal produto da marca

FONTE: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/23509/jac-t5-surge-na-opcao-top-de-r-68990

MÁRIO CURCIO, AB

Com seis meses de atraso a JAC Motors começa a vender o utilitário esportivo T5. O modelo traz motor 1.5 flex com até 127 cavalos, o mesmo do J3S. O carro deveria partir de R$ 59.990, mas o primeiro lote importado veio apenas na opção mais completa, de R$ 68.990. Nos próximos dois meses devem chegar as opções de entrada e intermediária, esta com tabela de R$ 64.990. A empresa estima vender cerca de 2,5 mil unidades até o fim do ano. Por enquanto o câmbio é manual para todos, mas sempre com seis marchas.

O T5 passa a ser o principal produto da JAC no Brasil por causa da mudança de planos da empresa, que trocou o projeto da fábrica de R$ 900 milhões por outro bem mais modesto, de R$ 200 milhões, uma operação em que os carros serão apenas montados no Brasil e sem a sociedade dos chineses como ocorreria.

“Enquanto a fábrica tiver investimento e volume limitados, deixem que eu faço”, disse Habib à matriz.

A unidade menor também será em Camaçari (BA), onde o terreno já foi terraplenado há mais de um ano. “Começaremos a produzir no segundo semestre de 2016 e venderemos as primeiras unidades no primeiro semestre do ano que vem. O intervalo de seis meses entre o início da montagem e a venda ocorre pelo processo de homologação do carro”, recorda o presidente da JAC.

Até o fim deste ano a companhia trará da China a versão com câmbio automático CVT, que será a primeira nacionalizada. A montagem local do T5 também foi viabilizada pelos bons volumes de produção no país de origem. Somente o mercado chinês absorveu 185 mil unidades do modelo em 2015 (vendido lá como S3) e a JAC também o exporta.

BEM EQUIPADO COMO TODO JAC

Desde a versão de R$ 59.990 o novo SUV traz ar-condicionado digital e automático, vidros, travas e retrovisores com acionamento elétrico, alarme, monitoramento da pressão dos pneus, sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis, sensor traseiro de estacionamento, computador de bordo com autonomia restante, consumos instantâneo e médio, entre outras funções, faróis com regulagem elétrica de altura e acendimento automático.

Novo
JAC T5 é bem equipado, mas o câmbio automático CVT só virá no segundo semestre. Versão topo de linha das fotos sai por R$ 68.990 e traz couro, câmera de ré e central multimídia capaz de espelhar a tela de smartphones. Espaço no banco traseiro e acabamento geral surpreendem.

O banco traseiro é bipartido e o do motorista tem ajuste de altura. Todos os cinco ocupantes contam com cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça. A opção intermediária (R$ 64.990) recebe controle eletrônico de estabilidade, rodas de liga leve, faróis de neblina dianteiros e traseiro, rack no teto e assistente de partida em rampa, que “segura” o carro por dois segundos em subidas para as arrancadas, eliminando a necessidade de uso do freio de estacionamento.

Para a opção de R$ 68.990 os extras são os bancos de couro, a central multimídia de oito polegadas e a câmera de ré.

BOA IMPRESSÃO GERAL

O T5 causa uma boa impressão. O acabamento interno não tem falhas grosseiras, os materiais aplicados são agradáveis ao toque e o espaço para as pernas é bom também no banco de trás.

O quadro de instrumentos tem leitura fácil e a posição de dirigir é boa, mas o volante só traz ajuste de altura e não de profundidade. O câmbio tem engates fáceis. Ainda bem, porque é preciso usá-lo bastante. Isso ocorre porque o motor 1.5 tem torque máximo a 4 mil rpm. E como a relação final da transmissão é longa, a necessidade de reduzir marchas para uma pequena subida ou ultrapassagem é constante.

Essa é uma característica que em regra acompanha os carros de origem chinesa. Outra é a maciez excessiva da suspensão, que prejudica a dirigibilidade do carro em estrada. O T5 poderia ser um pouco mais firme em curvas.

Segundo a JAC Motors, o novo carro acelera de zero a 100 km/h em 10,8 segundos e atinge 194 km/h de velocidade máxima. O modelo obteve letra A no selo de eficiência energética, que informa 6,8 km/l com etanol e 9,6 km/l com gasolina em cidade. Na estrada esses números sobem para 8,18 km/l com álcool e 12,2 km/l com derivado de petróleo.

A JAC informa 600 litros de porta-malas no T5, mas olhando o dele e o do Renault Duster lado a lado é difícil acreditar que o do T5 seja maior. A concorrente declara 475 litros para seu carro na versão 4×2.

Além do Duster, o JAC compete por suas características e faixa de preços com Ford EcoSport e também com o Lifan X60, que foi o carro de origem chinesa mais vendido no Brasil em 2015. Compradores de Citroën Aircross e de hatches com apelo aventureiro como Hyundai HB20X, Renault Sandero Stepway e VW CrossFox também estão na mira do novo JAC.

Novo
Estilo traseiro do novo JAC é mais harmonioso que o dianteiro. Empresa informa 600 litros de porta-malas, mas o espaço para bagagens de um Renault Duster (475 litros na versão 4×2) parece maior. Banco traseiro bipartido aumenta versatilidade.

FÁBRICA DE R$ 900 MILHÕES NA GAVETA

A mudança de planos que pôs de lado o projeto inicial da JAC decorre da retração de mercado e da não liberação de um empréstimo de R$ 120 milhões aprovado pela agência de fomento Desenbahia em setembro de 2014.

Grandioso, o projeto original previa capacidade para 100 mil carros por ano em dois turnos. Já a operação CKD é para 20 mil unidades. “Já começamos a importar equipamentos”, afirma Sérgio Habib. “Depositamos um novo projeto no MDIC mais adequado ao momento”, diz, referindo-se ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele acredita que em 2017 venderá entre 5 mil e 7 mil T5.

A crise pôs de lado também o projeto do carro compacto específico para o mercado brasileiro, concebido sobre a mesma plataforma do J3, mas equipado com um motor 1.0 flex de três cilindros. Antes de apresentar o T5 aos jornalistas, Habib mostrou vários números do Brasil e de outros países para apoiar sua crença de que o mercado brasileiro ainda cairá mais 28% este ano em relação a 2015 e não terá mais de 1,8 milhão de unidades. Ele recorda que os planos iniciais para Camaçari foram traçados sobre a estimativa de um mercado interno que chegaria a 4,7 milhões unidades em 2015. Como se sabe, foram 2,15 milhões.

JAC Motors revê projeto de fábrica brasileira

JAC Motors revê projeto de fábrica brasileira

Companhia anuncia montagem do T5 e busca se adequar ao Inovar-Auto

FONTE: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/23367/jac-motors-reve-projeto-de-fabrica-brasileira

GIOVANNA RIATO, AB

Companhia pretende montar SUV no Brasil a partir de 2017
A JAC Motors enfim jogou a toalha do plano de construir fábrica para 100 mil carros por ano no Brasil. O projeto anunciado em 2011, que se arrasta desde então sem qualquer evolução, foi readequado. Agora a companhia confirma que pretende apenas montar veículos no Brasil a partir de kits importados da matriz chinesa, sem a pretensão de instalar linha de produção completa.

A planta terá capacidade para 20 mil unidades anuais, com início da operação previsto para o primeiro trimestre de 2017 com o utilitário esportivo T5. “Com volume menor, tivemos de abandonar a ideia de produzir carro barato e buscar melhor economia de escala com um SUV”, esclarece Eduardo Pincigher, diretor de assuntos corporativos da empresa no Brasil. Assim como o plano anterior, a unidade será instalada na Bahia. A empresa ainda pondera se vai construir a estrutura necessária no terreno que já tem na cidade de Camaçari ou se o melhor é alugar um espaço já pronto em outro município.

O T5 chega importado e começa a ser vendido antes da inauguração da unidade, em março deste ano, com preços que começam na faixa dos R$ 60 mil. O novo projeto demanda investimento de R$ 200 milhões, mais suave do que o aporte de R$ 1 bilhão necessário para o concretizar o plano anterior. Ao enxugar as ambições para a sua fábrica nacional, a empresa também alivia a burocracia envolvida no processo ao desfazer a sociedade com a matriz chinesa. “Por ser uma estatal, cada detalhe tinha de ser aprovado pelo governo chinês também. Isso atravancava o processo. Agora vamos conseguir andar mais rápido”, acredita Pincigher.

Segundo ele, o negócio continuará amparado pela matriz da empresa, que garantirá boa parte da infraestrutura, como máquinas e projetos de engenharia, mas caminhará de forma independente. A saída da parceria chinesa também reflete o tombo do mercado nacional de veículos, que levou junto a operação local da JAC Motors. Em 2011, ano em que fez sua estreia no Brasil, a empresa vendeu 3 mil carros em seu primeiro mês cheio de atividades, com apenas dois modelos no portfólio, o hatchback J3 e o sedã J3 Turin. Na época a meta era alcançar vendas anuais de 35 mil veículos. As coisas, no entanto, não evoluíram como o esperado e em 2015 a empresa terminou o ano com pouco mais de 5 mil carros emplacados, apesar de ter oito modelos na gama.

O convidativo mercado brasileiro, que seria a porta de entrada da JAC Motors para o ocidente na visão dos executivos da empresa na China, perdeu boa parte de seu brilho. Pincigher aponta que a região permanece importante no cenário automotivo global, mas o potencial fica para o longo prazo. “Ainda temos uma relação de número de habitantes por veículo menor do que a da Argentina, um território enorme e, portanto, a expectativa de voltar a ser um dos maiores mercados do mundo no futuro”, diz. Ele aponta que a marca quer garantir seu espaço, firmando-se entre as médias e grandes empresas do setor em volume de vendas na região.

INOVAR-AUTO AINDA É DESAFIO

Por mais que a JAC Motors defenda o potencial do mercado brasileiro, o fato é que a empresa tem mais um bom motivo para seguir com o plano de montar carros localmente, ainda que de forma mais tímida. A companhia precisa cumprir o compromisso com o governo firmado quando se habilitou como investidora no Inovar-Auto, regime automotivo que entrou em vigor em janeiro de 2013.

O programa impõe o adicional de 30 pontos porcentuais no IPI das empresas que não cumprirem algumas exigências, como atingir metas de eficiência energética. Além disso, a política industrial concede cota de 4,8 mil carros que pode ser importada anualmente sem a alíquota majorada. No caso das montadoras que se inscreveram com programas de investimento no Brasil, o Inovar-Auto concede crédito presumido de IPI para a importação de carros até que a produção local seja inaugurada. Este é um dos compromissos que podem ter influenciado a empresa a investir na montagem local mesmo com a queda do mercado.

“Temos feito reuniões com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para apresentar o novo projeto a eles e atender a todas as exigências”, conta Pincigher. Ele assegura que a companhia não tem preocupação com o crédito presumido de IPI, já que, com o volume de vendas mais baixo, a cota de importação de 4,8 mil unidades tem sido suficiente e não foi necessário recorrer ao volume adicional.

Com o projeto mais enxuto, a empresa pretende se adequar a outra categoria do Inovar-Auto: a de fabricante com baixo volume de produção, restrita a empresas com capacidade produtiva de até 35 mil unidades por ano. A estratégia é igual a usada pelas marcas premium BMW, Audi e Jaguar Land Rover para montar automóveis localmente sem a necessidade de atingir índice de conteúdo nacional tão elevado nos carros.

Para se habilitar nesta categoria, no entanto, é necessário investir R$ 17 mil em ativos fixos por unidade prevista para a capacidade produtiva, o que no caso da JAC Motors daria R$ 340 milhões, montante superior aos R$ 200 milhões que a empresa reserva para a operação. Desta forma, ainda deve demorar alguns meses para que a empresa chegue a um consenso com o governo sobre o projeto de fábrica nacional. Na prática, o novo anúncio da JAC Motors dá um horizonte mais realista para a marca no Brasil, mas ainda deixa margem para dúvidas sobre o potencial que o plano tem de se concretizar.